Palestra Performática – “Vestir a pele do búfalo: O feminino e a relação entre manutenção e criação em cena” | Mulher do fim do mundo
Conheça os processos de criação em dança utilizados no espetáculo “Mulher do fim do mundo: manutenção e criação em cena”
Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura por meio da Lei Aldir Blanc, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa e ProAC LAB e Cia. Cênica Nau de Ícaros apresentam:
Palestra Performática – “Vestir a pele do búfalo: O feminino e a relação entre manutenção e criação em cena” | Mulher do fim do mundo
Intérpretes-palestrantes: Erica Rodrigues e Letícia Olomidará Doretto (núcleo de dança da Nau de Ícaros)
Quando: 22 de abril, às 20hs
Onde: Youtube, Facebook e Twitch da Nau de Ícaros
Link para assistir: https://youtu.be/EGKIQoFvkwg
Quanto: GRÁTIS
Nessa palestra performática, as intérpretes irão compartilhar os conteúdos teóricos e práticos que atravessaram o processo de criação do espetáculo “Mulher do fim do mundo – manutenção e criação em cena”. Partindo de referências como Paula Rego, Mierle Lederman Ukelles e Silvia Federici, a palestra reflete sobre as questões que envolvem o tema da manutenção e criação na construção de uma determinada subjetividade feminina impactada pelo regime neoliberal capitalista, assim como em sua relação para a criação de novos mundos que encontram no termo “cuidar” um novo modo de existência para o planeta.
A pesquisa
O ponto de partida da pesquisa foi o título da música “Mulher do Fim do Mundo” (de Alice Coutinho e Rômulo Fróes, na voz de Elza Soares) com relação a nós mesmas. Nos perguntamos por alguns meses qual seria o fim do mundo para nós, essas mulheres que somos. Para ajudar a responder essa pergunta, nos apoiamos em muitas artistas maravilhosas e performáticas e muitas teóricas também, que rechearam de palavras e imagens nosso caminho a essa “resposta”.
Ao mesmo tempo, era muito importante encontrar o nosso lugar de voz que pudesse ressoar os tantos elementos e vivências que nos afetaram tão profundamente nesse caminho – vivenciados nos jantares performáticos que compuseram nossa pesquisa com mulheres incríveis, das falas e reações às performances realizadas nas ruas da cidade de São Paulo, do experimento realizado no CRD, das frases emocionantes das “cartas para o futuro” que nos foram enviadas por muitas mães à suas filhas e principalmente da vivência tão profunda realizada com as mulheres na Penitenciária Feminina de Santana, proporcionado pelo instituto IDDD.
Tivemos o privilégio durante esse processo de nos deparar com encontros que não param de reverberar em nossos corpos e é justamente isso que desejamos com esta apresentação: expor e partilhar com vocês a potência dessa trajetória.
Como artistas, mães e mulheres, a relação entre manutenção e criação nos pegou de jeito! Partindo do manifesto de Mierle Laderman (“CARE” de 1969), traçamos um paralelo com nossas vidas, expondo essa relação em nossos corpos e movimentos. Misturamos isso com o que já carregamos e com as paisagens que adentramos junto às outras mulheres que encontramos e… cá estamos, frente a vocês, para através da dança lançar um olhar para a construção de um novo mundo.
Adentramos em nossos corpos, chacoalhamos nossas relações, trouxemos à tona nossas subjetividades, reconhecendo e valorizando nosso lugar de voz. E acreditamos que ao falar de algo particular, também falamos de algo coletivo, que o que nos afeta também poderá afetar muitos outros e outras.
Subvertemos o valor dos trabalhos de manutenção, tantas vezes ligados somente ao universo da mulher. Subvertemos o que é feminino, visibilizamos o que era invisível para nós e, mais do que pensar sobre o que seria o fim do mundo, nos propomos olhar para uma possibilidade de construção de novos mundos. Um futuro (ao nosso ver) que requer “CUIDADOS” – cuidado com as relações, com o planeta, com a terra.
Afinal, como diria Laderman: “Se fizermos a revolução, quem vai limpar o lixo no dia seguinte”?
O que é manutenção para você?
Qual a relação entre manutenção e liberdade?
Quanto tempo da sua vida você gasta com atividades de manutenção?
Qual a relação entre manutenção e sonho de vida?
Sobre as intérpretes:
Erica Rodrigues é integrante da Cia Cênica Nau de Ícaros, mestra em Psicologia Clínica pela PUC SP, Erica ministra aulas de dança contemporânea desde 1998. Criou e dirigiu dois espetáculos (“A.N.J.O.S.” e “Tirando os Pés do Chão”) e atuou em vários espetáculos como intérprete/criadora. Como preparadora de elenco e coreógrafa, realizou nos últimos anos os espetáculos “A Porta da Frente” (2018), “Silêncio.doc” (2108), “O Mal Entendido” (2018), “Por Amor” (2019) e “As Cangaceiras“ (2019 SESI-SP).
Letícia Olomidará Doretto é formada em Bacharelado em Artes Corporais e Licenciatura em Artes-Dança pela Universidade de Campinas (Unicamp) e desenvolve, desde 1995, ampla pesquisa sobre as danças da cultura popular brasileira, sobretudo com foco nos elementos simbólicos e nas matrizes físicas presentes nesse universo, e como essa corporeidade pode ser a mola propulsora de um trabalho de criação contemporâneo no âmbito pedagógico e artístico para o ensino da dança, preparação corporal, formação de artistas e criação de espetáculos. Desde 1999 integra a Cia Cênica Nau de Ícaros como intérprete-criadora e preparadora de elenco, é professora de dança do Ens. Médio do Colégio Oswald de Andrade e na Escola Livre Areté. Também atua como coreógrafa, preparadora corporal e diretora de movimento com importantes nomes da cena artística brasileira: Cia Antônio Nobrega de Dança, As Meninas do Conto, Cia Fabulosa de Teatro, Cia Balangan e Cia Pé no Mundo.
O projeto “Mulheres do fim de um mundo” é uma realização do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura através da Lei Aldir Blanc, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa – Programa de Ação Cultural – ProAc Expresso LAB, edital – 37/2020.
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